quarta-feira, 25 de abril de 2007

A réplica do jornalismo


A capa do Correio da Bahia, do dia 2 de setembro (sábado), trazia algo muito requisitado e pouco visto no jornalismo, principalmente na mídia impressa baiana. Um espaço destinado ao direito de resposta. A réplica jornalística concedida ao Partido dos Trabalhadores – PT, através de decisão do Tribunal Regional Eleitoral – TRE, é decorrente do agendamento do jornal quanto à suspeita de sabotagem da lavoura de cacau por militantes petistas e nos faz de lembrar que o Direito de Resposta existe e deve ser aplicado.

A primeira das matérias divulgada pelo Correio da Bahia trazia a manchete: "Petistas fazem terrorismo biológico". A matéria pautada a partir de uma denúncia da revista Veja, passa a agendar de forma contundente a "sabotagem". Títulos e imagens fortes, que nos fazem imaginar que tal possível atentado à lavoura cacaueira teria acontecido neste ano, quando na verdade, a praga da Vassoura-de-bruxa atingiu o sul da Bahia na década de 80.

O espaço destinado ao PT para a réplica foi o mesmo espaço que o Correio da Bahia divulgou uma imagem (20x25) do manifesto cacaueiro em prol do início das investigações contra os militantes petistas, intitulada de "Cacauicultores protestam contra a sabotagem", na sua edição do dia 22 de julho.

Em espaço destinado à réplica, o Diretório regional do Partido dos trabalhadores, defende que o Correio da Bahia faz "terrorismo jornalístico" ao "acusar de forma leviana e sem provas técnicas os militantes do partido". Em nota o PT diz que: "A Bahia sabe quem são aqueles que manipulam informações, através do completo domínio dos meios de comunicação", fazendo referência à família Magalhães, proprietária da Rede Bahia, ao qual o Correio é filiado.

A nota também traz os comentários do jornalista Daniel Thame, publicados no site de crítica de mídia, Observatório da Imprensa. Daniel Thame informa que "as publicações tem levantado a ira ao descrédito do jornalismo", diz ainda que as matérias são contraditórias.

A verdade é que milhares de pessoas que perderam seus empregos (cerca de 200 mil) e empresários que sofreram prejuízos graças à vassoura-de-bruxa foram motivadas a um levante anti-petista pelas matérias de Veja e Correio da Bahia, publicadas sem a devida apuração. O que resta saber é se com tamanha irresponsabilidade jornalística, a exemplo do caso do cacau, restará algum veículo que possua crédito de informação com o público.

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