terça-feira, 3 de julho de 2007

Mesmice

Pela segunda vez em seis meses, um site copiou a identidade visual do portal de notícias da TV Globo, desta vez, além do layout, o GP1 também usa um nome que se assemelha ao do site das Organizações Globo.

O designer Rafael Cavalcanti, da agência Mundi, foi o responsável pelo trabalho. De acordo com o profissional, a cópia ocorreu por “pressão do cliente” que pediu um layout “puxando para o lado” do G1. O Comunique-se contatou o GP1, mas não houve nenhuma resposta.

A assessoria do G1 informou que o caso foi encaminhado para o departamento jurídico que avalia a situação. Em janeiro, o site A Notícia Digital fez o mesmo, mas rapidamente efetuou modificações no layout após ser contatado pela reportagem do Comunique-se.

Via Comunique-se

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Capitalismo selvagem

Mataram o No Mínimo. Site de jornalistas mais querido do Brasil. Apesar de contar com mais de 150 mil assinantes e mais de 3 milhões de visitantes mensais, o site não conseguiu atrair a atenção de anunciantes e patrocinadores e agora nos deixa órfãos de boas matérias e artigos. Num momento em que a figura do jornalista sofre diversos revés, outro baque para nossa categoria.
Via Sarapatel

sábado, 30 de junho de 2007

Padrões de consumo de notícias online



A Akamai, um empresa de consultoria para negócios online, oferece um serviço que monitora o consumo de notícias em qualquer parte do mundo. Trata-se do Net Usage Index for Advertising que permite acompanhar 24 horas por e sete dias por semana os padrões de consumo de notícias.
Nos dois gráficos acima, temos representações do consumo de notícias na América do Norte e América do Sul. Além da diferença em números de visitantes por minuto, é interessante notar também que os horários dos picos de acesso são diferentes. Enquanto na América do Norte o pico de consumo situa-se ao redor das 15h., na América do Sul ele se desloca para as 17h.
Os usuários que adquirem o serviço têm acesso a dados sociológicos e geográficos detalhados do consumo.

Via GJOL

Coisas que não acontecem na mídia brasileira

Uma apresentadora de televisão do canal a cabo americano MSNBC se negou a ter como notícia principal de seu programa uma história sobre Paris Hilton, alegando que estava cansada da cobertura da imprensa à polêmica patricinha de Hollywood.

Mika Brzezinski rasgou a pauta e a colocou em uma máquina de triturar papéis na manhã de sexta-feira, depois que seus editores pediram que usassem uma informação sobre Paris Hilton como a principal de seu telejornal.

"Escutem, simplesmente não acredito na cobertura desta história, e muito menos como nota central em um noticiário quando se tem um dia como hoje", disse Brzezinski.

Via AFP

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Fim dos jornais impressos?

Que a Tv é a mídia mais procurada todos já sabem, e que o rádio vem logo em seguida idem. Porém, a grande surpresa é a internet superou os jornais impressos em número de leitores.

Os dados são da pesquisa nacional realizada pelo Instituto Sensus sobre os meios de difusão de informação para a massa. Segundo a pesquisa, a tevê é meio mais procurado com 69,3%, o rádio ocupa a segunda posição com 14% e a internet registrou 9,4%. Os jornais impressos somaram apenas 5,4% e a revistas, 0.9%.

Lançado o jornal "Bahia Notícia"

O novo jornal de Salvador, o "Bahia Notícias", foi lançado hoje (dia 28), no restaurante Barbacoa, com a presença de jornalistas, artistas, publicitários e empresários. O jornal terá tiragem de 50 mil exemplares e será distribuído gratuitamente sempre às sextas-feiras e sábados nas estações de transbordo, postos de bandeira BR, principais cruzamentos da cidade, e nos bairros populares.

De acordo com o jornalista e diretor do órgão, Ricardo Luzbel, o jornal "Bahia Notícias" nasce como uma tribuna livre para que o leitor possa apresentar às autoridades públicas e aos demais segmentos da sociedade seus anseios e as suas reivindicações. A primeira edição publica uma ampla entrevista com o prefeito João Henrique.

O foco do jornal será o público das classes mais baixas, ou seja mais um jornal presepeiro na Bahia.Em breve, uma análise do Bahia Notícia.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Abertas inscrições para V SBPJor

As inscrições para o V Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo estarão abertas até o dia 30 de outubro. Todo o processo será feito através de sistema on-line disponível em http://www.sbpjor.ufsc.br/5sbpjor.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Fotojornalismo no Google News

O Google News está testando uma versão que apresenta as notícias através de fotos. Ao passar o mouse sobre uma foto, um resumo da notícia se abre na coluna de texto à direita. Clicar na foto leva o usuário ao texto completo.
É possível também fazer buscas por assuntos, que resultam em novas páginas com fotos.
Por enquanto o serviço está disponível apenas para as páginas do Google News dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e China.

Experimente navegar pela versão norte-americana do Google News Images.

Via GJOL

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Mídias alternativas são as melhores

O Troféu Dia da Imprensa revelou um dado positivo: a audiência escolheu os veículos alternativos. Foram quase 20 mil votos do público enviados à revista Imprensa, organizadora do Troféu.

Na categoria “hard news”, a agência Carta Maior obteve 64,05% dos votos e ficou com o troféu, vencendo a Agência Estado, com 21,56% dos votos, G1 (da Globo) com 5,66% e Uol News, com 4,96%.

Na categoria melhor revista semanal, a vencedora foi a revista independente Carta Capital, que teve 75,01% dos votos. Venceu nada menos que a Veja, que ficou em segundo com apenas 18,69%, vindo em terceiro a Época, com 3,79%.

Entre os blogues jornalísticos, ficou em primeiro lugar o blogue do jornalista Luís Nassif, que produz sua página sem vínculos com empresa de mídia. Ele teve 65,85% dos votos, e o segundo lugar foi Ricardo Noblat, do Globo Online, que teve 21,07% da preferência.

Via Agência Pulsar

Sobre o Encontro Nacional de Comunicação

1 - CARTA ABERTA AO PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

É notória a importância da comunicação na formação de valores e opiniões, no fomento e na produção das culturas e nas relações de poder. Por isso, a compreensão da comunicação como um direito humano é condição fundamental para que este processo social seja voltado à promoção da emancipação de homens e mulheres, na consolidação de uma efetiva democracia e na construção de um País justo e soberano.
No Brasil, ainda há um grande caminho a percorrer para que a comunicação cumpra este papel. O modelo vigente é marcado pela concentração e a hipertrofia dos meios em poucos grupos comerciais, cujas outorgas são obtidas e renovadas sem controle da sociedade e sem critérios transparentes. O predomínio da mídia comercial marca também a fragilidade dos sistemas público e estatal, que só agora estão entrando na pauta de preocupação de Estado com o debate sobre a criação de uma rede pública de televisão. Este quadro vem sendo mantido pela ausência do debate e pela exclusão do interesse público na elaboração e aprovação das políticas públicas e de regulação que organizam a área. Historicamente, as decisões relativas à comunicação no Brasil têm sido tomadas à revelia dos legítimos interesses sociais, quase sempre apoiadas em medidas administrativas e criando situações de fato que terminam por se cristalizarem em situações definitivas.
A necessidade de corrigir tais distorções históricas emerge justamente na hora em que a convergência digital torna cada vez mais complexo o processo de produção, difusão e consumo das informações. Frente a isso torna-se urgente a redefinição de um novo e legítimo marco institucional para as comunicações, haja vista que a legislação para as comunicações carecem de revisão seja pela necessidade de sua atualização, seja por falta de regulamentação específica dos princípios constitucionais ou, ainda, por sua inadequação à noção da comunicação como direito humano e social.
Isso inclui o debate sobre a comunicação em toda a sua complexidade, envolvendo todos seus setores, bem como a interface destas áreas com a cultura, a educação, a saúde, as tecnologias e a cidadania. Ressaltamos aqui que não se trata apenas da reflexão sobre os meios, a cadeia produtiva e os sistemas, mas sim, das diversas formas pelas quais o conteúdo, enquanto conhecimento, cultura, lazer e informação - inclusive comercial -, são produzidos, difundidos, assimilados e usufruídos pela população.
Diante de todos estes pontos, nós, parlamentares, pesquisadores, trabalhadores e representantes dos movimentos sociais e de entidades voltadas à democratização da comunicação, presentes ao Encontro Nacional de Comunicação, convocado pelas comissões de Ciência Tecnologia, Comunicação e Informática e de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, vemos na realização da Conferência Nacional de Comunicações - legítima e democrática - a oportunidade concreta para enfrentarmos este debate.
A Conferência Nacional de Comunicações pode constituir um marco histórico de mudança da relação passiva da população com a mídia, significando uma inflexão no histórico de baixa abertura do Estado brasileiro à participação social na elaboração, acompanhamento e avaliação das políticas públicas para o setor.
Para que a Conferência cumpra este papel, é fundamental que ela se constitua como processo e inclua, entre outras coisas:

A sua incorporação como compromisso dos poderes da República, especialmente do Executivo Federal com todos seus órgãos relacionados ao setor; bem como o Congresso Nacional, o Judiciário e o Ministério Público;
A adoção do princípio da ampla e democrática participação como forma de trazer as contribuições das mais várias representações da sociedade organizada para o debate da Conferência;
O mais amplo envolvimento da população através da realização de etapas estaduais e regionais antes da etapa nacional;
A inclusão da sociedade civil no processo de organização da Conferência, garantindo inclusive meios materiais para esta participação; e
O compromisso de, a partir do debate com métodos democráticos, construir linhas gerais para um novo momento nas políticas públicas para as comunicações; entendendo que qualquer mudança substancial nas políticas vigentes deva ser feita somente a partir das deliberações da Conferência.
Tais preceitos não são uma novidade resultante de elaboração deste Encontro Nacional de Comunicação, mas a reafirmação de formatos de construção que vêm marcando a realização das conferências promovidas por este governo. Já no caso da comunicação, estranhamos o anúncio do Ministério das Comunicações sobre a realização de um evento que está sendo chamado de "conferência nacional" já para o mês de agosto de 2007. O caráter sinalizado pelo Minicom contrasta com os procedimentos adotados por este governo em outras conferências, pois inviabiliza a construção democrática e a organização de etapas prévias estaduais e regionais preparatórias que garantam a legitimidade da Conferência Nacional de Comunicações.
Esperamos que a coerência e o respeito às experiências relativas às conferências sejam a tônica da construção deste processo no setor da comunicação. Do contrário, este governo corre o risco de promover aparentes processos democráticos enquanto perpetua o alijamento dos cidadãos brasileiros da definição sobre os rumos deste instrumento fundamental à democracia em nosso País.

Encontro Nacional de Comunicação:
na luta por democracia e direitos humanos
Brasília, 22 de junho de 2007

Cristovam Buarque surge na blogosfera


Cristovam Buarque (PDT) foi o primeiro senador da República a lançar um blog oficial de seu mandato. O senador blogueiro levanta, assim como na sua candidatura à presidência, a bandeira da educação pública de qualidade. O próprio lay-out do blog, como um mural e uma folha de caderno mostra isso.


O blog do senador ainda traz, além da sua agenda de compromissos, como senador, intlectual e cidadão, as ações realizadas por seu mandato, arquivo de clipagens de notícias sobre o senador, artigos, discursos, entrevistas, textos publicados e enquetes.


O surgimento deste blog mostra o que pode ser uma tendência: a participação de políticos na blogosfera. O chato é que boa parte deles já dominam, de uma forma ou de outra, os meios de comunicação digamos "convencionais" e agora partem para publicações no alternativo, neste caso, a internet.


O Blogo do Cristovam já possui cerca de 2 mil aceesos por dia e desde o início deste mês pode ser conferido através do Portal IG

No entanto, o que mais devemos ter é um senso crítico cada vez mais apurado para o que se lê na internet. A livre produção de conteúdo nos exige isso, agora, ainda mais com a participação dos políticos brasileiros...

domingo, 24 de junho de 2007

Ministro pede faxina nas rádios comunitárias

"Precisamos de uma grande faxina nas rádios comunitárias". A declaração foi do ministro Franklin Martins, durante o Encontro Nacional de Comunicação - ENC, realizando na Câmara dos Deputados nos dias 21 e 22 de junho. O evento integra os preparativos da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que ocorrerá somente no ano que vem para debater, entre outros a democratização da comunicação no Brasil.
"Temos rádios comunitárias que são comunitárias e funcionam legalmente, outras funcionam ilegalmente. Temos aquelas que não são comunitárias, são na verdade comerciais que funcionam legalmente, e tem essas que não são comunitárias que funcionam ilegalmente”, disse o ministro.
O sistema de radiodifusão, principalmente, as rádios comunitárias é o calcanhar de Aquiles na área comunicacional do governo Lula.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

243 jornalistas se exilaram desde 2001

243 profissionais da imprensa tiveram que se exilar para fugir da violência e ameaças de morte em seus países desde 2001. Os dados são do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ).
Segundo o estudo entre as causas do exílio constam: ameaças de violência ou morte, prisão e assédio resultante da prática jornalística. Outra constatação foi que apenas 30% dos exilados continuam trabalhando na área em novos países.
Colômbia, Zimbábue, Etiópia, Eritréia e Uzbequistão são os cinco maiores responsáveis pelo exílio. Reino Unido (24), Quênia (21), Canadá (20) e Estados Unidos (7), são os maiores acolhedores.

O Estudo completo pode ser visto aqui


Este post vem do GJOL.

Já está disponível on-line - e para vendas on demand a €25,00 - o livro-coletânea Jornalismo Digital de Terceira Geração, que reúne artigos apresentados durante as “Jornadas Jornalismo On-line.2005: Aspectos e Tendências”, que organizei durante o período do estágio-sanduíche na Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã/Portugal.
Além dos textos dos seis participantes das jornadas: António Fidalgo, Anabela Gradim, João Canavilhas (UBI); Concha Edo (Universidad Complutense de Madrid); Jim Hall (University College Falmouth); e Suzana Barbosa (Universidade Federal da Bahia), o livro agrega mais duas importantes contribuições produzidas pelos pesquisadores Elias Machado (Universidade Federal de Santa Catarina), Marcos Palacios (Universidade Federal da Bahia) e Paulo Munhoz (Centro Universitário, FIB).
Os artigos abordam aspectos que refletem a evolução do jornalismo digital em seu estágio denominado como terceira geração, indicando, por outro lado, algumas tendências do que poderá se consolidar como uma quarta fase de desenvolvimento para esta modalidade jornalística.
Para o download (gratuito) do livro, acesse o site do Labcom Books.

Suzana Barbosa

Mesmice ?

A matéria "Comentário: YouTube brasileiro reproduz TV aberta em seu primeiro dia", do Editor-assistente de Ilustrada da Folha Online, Diógenes Muniz, sustenta que os usuários da internet buscam pelo mesmo conteúdo de quando estava acomodado em frente à TV.
Como exemplo, cita que "Dos 40 vídeos mais acessados por internautas brasileiros na estréia da versão nacional do site, cerca de 30 são relacionados ao conteúdo produzido pelas emissoras de TV aberta do país" e concluiu: "No entanto, em seu primeiro dia de brasilidade, o YouTube não mereceu ser aportuguesado para VocêTubo --foi, no máximo, o tubo de sempre".
Após ler a matéria, só resta o seguinte comentário: O que leva os usuários a acessarem o You Tube e escrever na busca "Faustão", "Altas Horas" e demais programas televisivos?
Será a histórica influência da TV sobre a construção da realidade social? ou será que a mesmice encontram-se também na audiência?

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Rede Bahia acorda para o jornalismo presepeiro

A Rede Bahia finalmente acordou para a prática do jornalismo de presepada. Acostumada a perder audiência para programas que fazem este tipo de jornalismo, como Se Liga Bocão e Balanço Geral, a rede lançou nesta quarta-feira (13), o programa Fala Bahia, que irá ao ar pela TV Salvador, de segunda à sexta, das 13h às 14h. O programa também será exibido pela rádio Bahia FM, das 18h às 19h, nos mesmos dias.

Quem apresenta os programas é o ex-vereador Emmerson José, que é jornalista de longas datas da Tv Bahia. A presença dele na nova programação me faz crer que o Fala Bahia será uma versão melhorada destes programas denuncistas e presepeiros do meio-dia e que contam com a participação massiva do povo, como o apresentador destaca. “Nesse programa, quem manda é o público. O povo vai participar por telefone, por e-mail, por carta, vai entrar ao vivo no programa. A participação popular é fundamental”.

Emmerson José ainda ressalta a importância de experiência política vivida por ele na Câmara para conduzir o programa. “Este tempo em que estive fora do ar, em um cargo público, me deixou mais maduro, mais conhecedor da alma do povo baiano. Isso vai facilitar o meu trabalho e de minha equipe”.

Porém, o que fica claro é que a Rede Bahia não só despertou para esta prática, como só agora se sente à vontade para realizá-la. O certo é que não seria possível fazer este tipo de jornalismo “boxe”, que só bate e abre poucos espaços para respostas, sendo que boa parte dos governos municipais e o governo estadual estavam atrelados ao grupo carlista que rege a rede. Com a mudança na configuração política do estado, a midiática também se transforma, claro.

O programa também tem outra função que acredito ser uma das mais importantes para o seu nascimento: reaproximar o povo da Rede Bahia. Este jornalismo presepeiro, quando mostra a dor do povo e coloca-o na Tv para explanar seus problemas, ganha confiança. No caso da Rede Bahia, esta confiança pode, aos poucos, superar o descrédito que se resume na truculência vivida pela jornalista Raquel Porto Alegre, quando do retorno de Luiz Caetano.

A jornalista foi agredida por militantes do PT, porém ainda não se sabe quem começou a provocação, se a jornalista, mostrando os dedos ou se os militantes entoando o hit tradicional de oposição: “TV Bahia, mentira todo dia”.

Se as minhas previsões se realizarem, perde o povo e perde o jornalismo baiano....

Assista à matéria de lançamento do Fala Bahia

Prefeito de Salvador censura propaganda da revista Metrópole

O prefeito de Salvador, João Henrique (PDT) mandou retirar das ruas da cidade os outdoors de lançamento da Revista Metrópole, atrelada à Radio Metrópole, a mesma que em 2004 o pedetista, numa atitude "Chavista" tentou retirar do ar por causa de um embate com o radialista Mário Kertész. João Henrique não ficou satisfeito com a arte de capa da revista que traz sua imagem com algo vermelho no nariz e a seguinte chamada: A cidade no buraco - Salvador afunda em dívidas, lixo e bagunça.

Mário Kertész garantiu hoje (quarta-feira,13) que os 30 mil exemplares da revista, de distribuição gratuita irá para as ruas. Em seu jornal matinal, o Jornal da Bahia no Ar 1ª Edição, o radialista exibiu repúdios emitidos por personalidades políticas, como o deputado federal ACM Neto e até de aliados do prefeito, como o deputado estadual Capitão Tadeu (PSB).

Em nota no site da Rádio Metrópole, Mário Kertész diz que "nós ficamos com o Paulo Francis: "Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida".

A nota ainda traz as polêmicas fotos dos outdoors e da capa da revista, além de vídeo da empresa contratada pela Prefeitura de Salvador para retirar o material publicitário.

Tv Itapoan inaugura News-room Norte Nordeste


A Tv Itapoan, primeira emissora de televisão do Estado e filiada a Rede Record, lançou nesta segunda-feira (11) o News -room - Record Norte-Nordeste. O News-room mixa o ambiente redacional com o estúdio de apresentação dos telejornais, dando maior interatividade entre os dois e também um clima de notícia instantânea para o telespectador.

Porém o mais importante não é só o visual e a rapidez com que as notícias chegam ao estúdio, mas a importância de termos no nosso estado, um pólo produtivo de notícias, que representa duas grande regiões (N e NE) e que pela primeira vez foge do eixo Sul-Sudeste.

Ainda não se sabe se a atitude da emissora, que trava batalha com a Vênus Platinada pela liderança de audiência é conquistar, com notícias regionais, essa liderança, ou se realmente ela exibirá um novo paradigma que coloca as regiões Norte e Nordeste como importantes nascentes de notícias. A expectativa gerada também entorno disto é que a visão estigmatizada das duas regiões sejam quebradas, mostrando como elas como realmente são.

Veja mais informações no blog da Tv Itapoan


domingo, 10 de junho de 2007

O PT, a greve dos professores e a mídia, ou seja: cerveja!

Lembra daqueles discursos favoráveis as greves? Apois, o PT, a cada dia que passa e novo governo que assume, joga sua história e bandeiras no lixo.

O mais novo exemplo é a greve dos professores da rede pública da Bahia, Estado governado pelo Jaques Wagner (PT). A luta dos docentes já duram um mês, sem avanços nas negociações.

Grevistas firmes na mobilização

A proposta de aumento salarial do governo petista é de apenas 4,5%, enquanto a reivindicação da categoria pede 17,28%. O PT utilizou a estratégia de conceder o aumento de 17,28% apenas aos níveis 1 e 2, que representa 36% da classe, na clara tentativa de rachar o movimento. Contudo, bem articulado, os grevistas não aceitaram a proposta escrota de Jaques Wagner e mantiveram a greve.

Se antes PcdoB e PT marchavam juntos na defesa da educação baiana e denunciavam o desmonte das escolas públicas, agora os petistas pedem prisão até de líderes sindicalistas (o professor Rui Oliveira, presidente da APLB, sindicato dos professores baianos é filiado ao PCdoB). Uma decisão do juiz da 5a Vara da Fazenda Pública, Ricardo D'Ávila, determinou a suspensão da paralisação e retorno imediato às salas de aula, sob pena de multa diária de R$ 20 mil. Segundo a Agência Globo, o governador pediu também a prisão do coordenador do sindicato, que precisou entrar com um recurso para continuar em liberdade.

Ex-sindicalista, Wagner pede prisão de seus companheiros

A mídia e a greve

Já é um clichê afirmar que a mídia sataniza os movimentos sociais, ainda mais em épocas de greves, ocupações e mobilizações.

Separei uma entrevista, realizada pela Tv Bahia, com o coordenador-geral da APLB, Rui Oliveira e o secretário da Educação da Bahia, Adeum Sauer.

Equipe jornalística do Jornal da Manhã

O debate foi realizado no Jornal da Manhã. Estranhamente, o secretário estava no estúdio do programa, bem vestido, sentado, o que representa seriedade e status, na perspectiva de um poder simbólico. Já o sindicalista, encontrava-se rua, em frente ao Colégio Central (que já fora um dos mais importantes do Estado, tendo como aluno ilustre há décadas atrás o coronel ACM).

A questão imposta pela mídia é sempre a mesma: Quando os professores irão retornar as aulas?

O debate ocorre sob esta lógica: o discurso do secretário enfatizando que até o impossível está sendo feito para solucionar o entrave e o sindicalista questionando as irregularidades do poder público e a caótica realidade dos funcionários públicos. Os movimentos sociais quando aparecem nos media é sempre para "se explicar", enquanto o poder público "explica a situação".

Contudo, cabe um pequeno grande detalhe. A Tv Bahia, cujo dono é o cacique ACM, mediou uma nova relação: o governo atual, não pertence ao circulo de poder e controle do patrão. Com isso, o veículo em questão, trava uma batalha contra dois "inimigos": o governo petista e o movimento social. Contra o secretário, que representa o governo, o Jornal da Manhã utiliza os argumentos da categoria e esta constantemente é questionada: quando vocês irão voltar as aulas?

No final, ouve-se a pergunta do "jornalista" ao secretário:

- O senhor sentaria hoje para negociar o fim da greve?

Não vou acusar de burrice o tal "jornalista", porque sei do seu potencial. A pergunta-bomba foi intencional objetivando mostrar ao público que o atual governo não tem poder de acabar com uma greve que "prejudica 1 , 2 milhão de estudantes em todo Estado", ainda mais que o secretário, que curiosamente tem como sobrenome Hilário, quase embola a língua ao tentar responder tal questionamento.

Cabe destacar, que o secretário afirmou durante toda a entrevista que foi montado uma estratégia para negociar com os grevistas (diversas mesas, como pode-se ver/ouvir na entrevista). Mas, nesta batalha, a mídia venceu ao criar as imagens:

O secretário não sabe nada e o governo não consegue acabar a greve.

Os professores só pensam em seus salários, nem ligam para os 1, 2 milhão de estudantes que estão sem aula a um mês.

E a situação da educação baiana?

Pergunta que poderia ser feitas pela filhote da vênus-platinada...Mas...

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Agência Jornalística Mercosul tem sua redação saqueada

Este post vem da denúncia feita pela ADIN.
Segundo a Agência, no último domingo (03), vândalos não identificados assaltaram a Faculdade de Jornalismo da UNLP (Universidade Nacional de la Plata) e os escritórios de sua Agência Jornalística Mercosul.
Não se sabe ainda a origem do ato criminoso, porém é certo que o saque é resultante da postura independente que com que a Agência Jornalística Mercosul - AJM vem abordando as questões sociais na Argentina. Contudo,
"continuaremos cumprindo com nosso compromisso informativo, por um país democrático, livre e justo e por uma América Latina independente dos poderes hegemônicos", afirma o editorial da AJM.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

RCTV via YouTube

E a crítica à Hugo Chávez continua via YouTube. Após perder a concessão pública, a RCTV opera agora via Web.

Eu consegui contar 40 vídeos inseridos pela rede no YouTube. É quase unânime a cobertura anti-Chávez, bem como no espaço destinado ao debate, a oposição utiliza para defenter suas teses e denunciar o o governo de Chávez, que classificam como uma “ditadura popular”.

Segundo reportagem da Folha de São Paulo “A afiliada da RCTV na Colômbia, TV Caracol, também concordou em transmitir uma edição noturna do “El Observador” por meio de seu sinal internacional, de acordo com a CNN”. A rede também está na tentativa de transmitir via cabo.

Dito isso, cabe dois comentários. Primeiro, o fato de Chávez não renovar a concessão revela o projeto hegemônico que tenta implementar na Venezuela. Em um artigo, Muniz Sodré sustenta que o nome do jogo em Caracas “é a imposição dos valores que enquadram os interesses da cidadania e concorrem para a direção moral e intelectual da sociedade. Em outros termos, é a dominação por consenso.”

Em outro trecho argumenta:

A hegemonia buscada por Chávez passa pelo estabelecimento de uma mídia oficialista, cujo ponto de partida deu-se em dezembro passado. Até agora, desapareceram duas emissoras privadas na esfera do circuito aberto televisivo: a CMT e a RCTV. A primeira, sem grande importância, devido à sua cobertura limitada. A segunda, a mais antiga e a detentora da maior audiência nacional, dá lugar à fundação governamental Televisora Venezolana Social (TVes), que preconiza emissões de natureza educativa”

Já a RCTV, delicia-se com as possibilidades e características anárquicas da Web. Cada um colocar o que quer (respeitando algumas regras é claro) e quem procura acha. Porém, falta a rede e a grande parte da mídia mundial, entender que a Internet não é apenas um meio. Suas característica podem e devem gerar uma nova narrativa jornalística e novos padrões de produção e veiculação de conteúdo.

Do ponto de vista jurídico-administrativo, Chávez está repleto de razão, uma vez que compete ao Estado venezuelano a administração do espectro radioelétrico. Contudo, é uma decisão política objetivando dominar pelo consenso.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

La otra Campaña - El Ejército Zapatista de Libertación Nacional


O Exército Zapatista de Libertação Nacional - EZLN é um ótimo exemplo de como as inovações tecnológicas remixam a cultura de quaisquer povos. Este grupo revolucionário da região montanhosa de Chiapas no México e que combate a exploração de seu povo pelos Estados Unidos, há cerca de 13 anos não dispara uma única bala. Sua arma: A mídia, principalmente a internet.

Os zapatistas, que têm como base a revolução liderada por Emiliano Zapata, estão reconfigurando a forma de fazer política. Mostram-se preocupados e midiatilizar as suas ações, mas num contexto diferente do terrorismo. Não usam aquela política de que sem mídia não há terrorismo. A ideologia deles está mais para reconfiguração sócio-cultural através da conexão e produção.

Outro ponto interessante é que a reconfiguração está acontecendo dentro do próprio movimento zapatista, que acabou por mudar o seu objetivo final, da defesa dos povos indígenas do México. Agora com a capacidade produtiva ampliada, o exército atinge a toda uma camada de pessoas descontentes com as políticas públicas do país centro-americano.

Decorrente disto, surgiram as Frentes Zapatistas de Libertação Nacional - FZLN, compostas por integrantes da sociedade civil. A Frente Zapatista e o Exército, juntos, publicaram a Sexta Declaração da Selva de Lacandona - um enorme documento, que dividido em três partes, resulta de consultas públicas aos integrantes da sociedade civil e das comunidades indígenas.

A revolução cibernética dos zapatistas mostra que é possível uma revolução pacífica obter resultados positivos. Sem armas, eles vão ganhando cada vez mais adeptos e voltando os olhos da mídia internacional para um lugar e causa que nunca tiveram muito destaque: o México e a batalha do povo indígena daquele país.

No livro Zapatistas - A Velocidade do Sonho, os autores, o escritor Márcio Brige, o jornalista Pedro Ortiz e o fotógrafo Rogério Ferrari, mostram a apropriação das novas tecnologias de comunicação pelos revolucionários e como isto vem reformulando a realidade sócio-política no México. "Zapatistas – a velocidade do sonho (Thesaurus/EntreLivros, 2006, 230p.)".

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Censura ronda jornal-laboratório

Edição 435 de 29/5/2007
www.observatoriodaimprensa.com.br

IMPRENSA UNIVERSITÁRIA
Censura ronda jornal-laboratório

Fernando Conceição

Desde o início de 2006, e até agora, o curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação (Facom), da Universidade Federal da Bahia, enfrenta um debate que pode culminar na instalação da censura prévia em seu jornal-laboratório. Está prevista para meados deste mês de junho uma reunião departamental, instância decisória que reúne todos os professores da faculdade, para deliberar sobre o tema. A decisão se dá reacionariamente, isto é, como reação a um artigo assinado publicado no número 9 do jornal, em uma seção denominada "Ágora", referência justamente ao espaço de debates públicos de Atenas, cidade-Estado gênese da democracia. Ver aqui.

Por surreal, esdrúxulo e absurdo, uma escola de Comunicação que em tese deveria radicalizar na ampliação dos direitos constitucionais que asseguram a livre manifestação de opinião e pensamento, cogita constituir um "Conselho Censor" (eufemisticamente denominado Conselho Editorial). Este teria dentre as suas "responsabilidades", de acordo com os proponentes da excrescência, a de reunir-se e antecipadamente ler e aprovar o que deve ou não deve ser publicado no Jornal da Facom e demais produtos laboratoriais que venham a circular com a chancela da faculdade.

O Jornal da Facom passou a circular no primeiro semestre de 2006, sob responsabilidade deste escrevinhador - que assumiu a disciplina teórico-prática na qual a produção do jornal-laboratório repousa. Antes, e por longos oito anos, a faculdade possuía um jornal sem periodicidade regular (saía quando dava), com tiragem e circulação restritas (somente para o campus), com pauta endogâmica, isto é, abordando apenas assuntos relativos à própria UFBA. Chamava-se simplesmente Jornal Laboratório.

A cúpula de mando

Ao assumir, foi proposto um novo projeto editorial. Tablóide, em vez do formato standard anterior. Periodicidade mensal. Tiragem média de 10.000 exemplares. Pauta abrangente, com enfoque sócio-político-cultural nos acontecimentos de Salvador e sua grande região metropolitana, sem abandonar a vigilância sobre o funcionamento da universidade. Circulação e distribuição gratuitas ampliadas: além de todas as faculdades da UFBA e demais públicas e privadas, para centenas de pontos culturais, escolas, cursinhos, veículos de comunicação, sindicatos e casas legislativas.

Como o jornal é pago pelo dinheiro público, o entendimento é que deveria servir ao interesse público. Entre os objetivos, demonstrar ser possível o exercício de um jornalismo sem amarras, experimental em todos os sentidos - coisas que raramente o estudante poderá vivenciar ao ingressar no chamado "mercado". Um jornal que deveria dar voz, principalmente, a fontes "que não têm voz". Dessa maneira, radicalmente não-oficial, pluralista, de investigação jornalística. E com uma versão digitalizada.

Apresentado assim, dessa forma, o novo projeto editorial começou a gerar controvérsias dentro da Facom, isto é, na cúpula de mando incrustada em espaços gestores do mundo acadêmico. O recurso financeiro para bancar a empreitada mais que triplicou - pegando de surpresa a própria estrutura central da UFBA, à qual foram também apresentados projeto e o orçamento. Neste 2007, os oito números do ano letivo foram orçados em 32 mil reais, mas a direção central da UFBA alocou 28 mil reais para a impressão, obrigando à diminuição da tiragem média para 7.500 exemplares por edição.

As obstruções cotidianas

Ademais, foi proposta a mudança de nome do jornal. Entre as sugestões apresentadas, os alunos da disciplina (em torno de 30) decidiram denominá-lo Merda!, no sentido de boa sorte, êxito, sucesso - expressão comumente adotada em algumas esferas artísticas. A sugestão foi terminantemente vetada pela direção e pelo departamento após quatro meses de polêmica e quatro edições nas quais a logomarca do jornal foi substituída por uma arte que remetia a um rasgão sobre a capa.

No final do primeiro semestre de 2006, o conjunto departamental decidiu pelo nome Jornal da Facom. Para que o público ao qual o veículo se destina prioritariamente não concluísse que este "da Facom" significasse exclusividade ou propriedade desta faculdade, a equipe editorial solucionou o impasse ressaltando na logomarca o "J" e o "F" do nome.

Instalado o mal-estar desde aquela época, por várias vezes foi sugerida a criação de um tal "Conselho Editorial". Presente nos momentos em que isto se aventava, este escrevinhador sempre argumentou contra a medida. Primeiramente, porque tal sugestão sempre foi apresentada como reação ao novo projeto editorial, mal-dissimulando desconfianças da cúpula dirigente quanto ao método e à prática jornalística agora emulados nos estudantes. Depois, por razões práticas. Tal "conselho" pode vir a ser um entrave ao ritmo imposto à produção do novo projeto editorial, que requer agilidade na execução das pautas - 80% de reportagens, o restante colunas opinativas -, na editoração eletrônica, na revisão, no acompanhamento gráfico e na distribuição dos milhares de cópias por toda Salvador.

Tudo isso é feito por vezes varando noites na redação da faculdade, inclusive fins de semana e feriados. O planejamento dessa tarefa, aliado às discussões teóricas exigidas pela disciplina, requer o menor grau possível de burocratização para que a periodicidade e circulação do jornal sejam mantidas. Envolvidos com suas próprias rotinas acadêmicas e interesses particulares, professores de outras matérias, alguns distantes da prática e do "pique" de uma redação jornalística há tempos, seriam um peso a mais nas diversas obstruções cotidianas enfrentadas pelo jornal-laboratório.

A heresia do dia-a-dia

Tal "conselho" jamais foi sugerido como solução aos entraves, entre os quais a falta de equipamentos adequados ou suficientes na redação, a não instalação de telefones ou fax no referido espaço físico, os freqüentes atrasos na liberação do dinheiro orçado para a impressão do jornal e as más condições materiais de trabalho dos alunos envolvidos com o projeto. O fato é que, pela primeira vez em sua história, o curso de Jornalismo da UFBA tem, de fato e não "de mentirinha", um jornal-laboratório regular. Nos últimos meses se tornou referência entre os demais cursos de jornalismo em Salvador. Sua repercussão pública se reflete nas dezenas de cartas e mensagens recebidas na redação, algumas de crítica, outras de estímulo, várias de sugestões de pauta.

Entretanto, tais fatos positivos parecem incomodar professores mais habilitados para as teorias de Comunicação e Conspiração do que para o jornalismo. Eles desconfiam de todas as reportagens que contrariem suas convicções e muitos estão dispostos a calar, impondo restrições de gosto e de conduta, as opiniões alheias.

Nisso se transformou grande parte das Escolas de Comunicação: numa espécie de feudo de comunicólogos e pseudo-críticos de jornalismo, pouco afeitos a lidar com a realidade profissional, muitos deles sem nunca ter pisado o pé num jornal de verdade. Ensinar aos estudantes que "jornalismo é gastar sola de sapato", é ir para a rua, é "comer poeira" e receber "chá de espera" é ser agressivo e ser leitor de jornais - isso soa, em muitos desses cursos de jornalismo, como uma heresia.

"Doutores do conhecimento escolástico"

Foi nesse contexto e na ausência extemporânea do professor-responsável pelo jornal, que a proposta de se pautar a criação do Conselho Censor foi discutida e recebeu aprovação entusiástica, de acordo com relatos posteriores. Aquela ausência do principal interessado foi extemporânea porque presente estava nas três horas anteriores da reunião departamental de maio, período em que o assunto não apareceu. Extemporânea porque motivada por compromisso de docência em disciplina semanal num programa de Pós-Graduação da própria faculdade. Por si só, a inclusão sorrateira da discussão do tema é prova inconteste de desonestidade.

No Brasil funcionam cerca de 500 cursos de Jornalismo regularizados, 74 deles públicos e o restante, privados. A maioria tem habilitação específica em jornalismo. Quantos obedecem à antiga Resolução 03/78, do Conselho Federal de Educação, que obriga os cursos a manterem produtos laboratoriais, como jornal-laboratório, não dá para saber.

Por quase três décadas, a graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Bahia, pela qual este escrevinhador passou em meados dos anos 1980, existiu sem cumprir as normas exigidas por aquela resolução e outras. Do final da década de 1990 para cá é que, aos trancos e barrancos, vem se buscando pôr em funcionamento laboratórios nos quais os estudantes entram em contato com exercícios de prática jornalística.

No momento em que um projeto, de tantos possíveis, deslancha e dá visibilidade aos estudantes nele envolvido, os "urubus" da censura (Barbara Gancia), travestidos agora em doutores do conhecimento escolástico, pretendem enquadrá-lo em seu moralismo arbitrário, medroso e desavergonhado.

terça-feira, 29 de maio de 2007

A internet e o Media Watching

A crítica de mídia, ou media-watching, é uma prática que surgiu nos Estados Unidos - com a publicação intitulada “Fair” (Fairness & Accuracy in Reporting), fundada em 1986, na era Reagan, com o propósito de fiscalizar a intromissão do poder econômico e político na imprensa - e sensibilizar a sociedade e os profissionais de comunicação quanto à responsabilidade que o jornalismo desempenha, como serviço público que deve ser usado em favor da comunidade.

A prática então passa a ser exercida em outros países como a França, onde foi fundado, o Observatoire de la presse, e em Portugal com a revista Obercom - Observatório de Comunicação. No Brasil, a mídia começou a ser objeto de crítica por iniciativa do jornalista Alberto Dines, diretor de redação do Jornal do Brasil, em 1965. Após visita ao World Press Institute (vinculado à Universidade de Columbia -EUA), Dines surpreendeu-se com o boletim “Vencedores e Pecadores”, que fazia a crítica interna do jornal The New York Times. De volta ao Brasil, agora ao lado do jornalista Fernando Gabeira, Dines lança uma publicação que funcionou como fórum de críticas à mídia, o “Cadernos de Jornalismo e Editoração”, a primeira experiência de crítica de mídia brasileira.

O media watching só ganhou mais espaço quando empresas, preocupadas em manter a credibilidade com os seus leitores, resolveram utilizar um serviço de atendimento criando o cargo de Ombudsman, um profissional que ouve as reclamações, investiga os comentários e queixas sobre o conteúdo do jornal e aponta os erros encontrados nas edições, recomendando ações corretivas. Como o caso da Folha de São Paulo, que até hoje mantém uma coluna de ouvidoria.

As experiências de observação de mídia no ambiente impresso brasileiro não deram certo. Muitas se extinguiram, com exceções da Folha de São Paulo, que, como já foi citado anteriormente, publica a sua coluna de ouvidoria, e da Revista Imprensa, de periodicidade mensal.

O media watching no país dá seus passos mais largos concomitante ao ritmo que a internet também avança ao uso popular. Em 1996, surge o Observatório da Imprensa, que tem à frente, o já experiente crítico de mídia, Alberto Dines. A experimentação do Observatório, coloca a internet com um campo propício para a cultivação do media watching, principalmente por se afastar dos altos custos de produção gráfica e aproximar-se da velocidade da informação.

A facilidade para se colocar um site no ar é muito maior comparada à dificuldade de publicação de um veículo impresso, televisivo ou radiofônico. A crítica de mídia transita principalmente pelo meio acadêmico, entre professores e alunos de graduação e pós-graduação das escolas de jornalismo do país, sejam elas estatais ou da rede privada. Esta facilidade se transfigura na maior participação de professores e alunos que praticam o media watching em aulas opinativas ou não, dentro dos laboratórios de informática das escolas.

Outro ponto positivo da internet para a expansão dos observatórios de imprensa no Brasil é a instantaneidade da informação, fundamental, pois, no compasso que as publicações da grande imprensa são emitidas, elas são analisadas e, esta análise já pode ser lida nos sites de observação de mídia. Isto faz com que a crítica não se distancie, em tempo e espaço, do conteúdo publicado e criticado.

Com a hipertextualidade, presente apenas no jornalismo online, o leitor pode visualizar o conteúdo analisado no mesmo momento e tipo de veículo em que está lendo a crítica, através de links. Além disto, a internet traz a ferramenta de interatividade com o público, que de acordo com Bardoel e Deuze (2000), permitem transformar o leitor/usuário em parte do processo. As duas ferramentas juntas, a hipertextualidade e a interatividade, propiciam que o leitor/usuário emita uma segunda crítica, fazendo da observação de mídia na internet, um processo muito mais democrático de análise e crítica de mídia.

O ambiente virtual e a experiência do Observatório da Imprensa são tão positivos ao media watching, que outros sites surgiram ao longo destes 11 anos de crítica de mídia no Brasil. Citarei algum deles: Canal da Imprensa; SOS Imprensa; Mídia e Política; Monitor de Mídia; NEMP; Análise de Mídia; Agência Unama e ANDI.

Agora, analisando os sites de crítica de mídia, observamos que eles estão acompanhando o desenvolvimento da própria internet e já disponibilizam ferramentas como o RSS, comentários nos textos publicados, envio por e-mails e lista dos textos mais lidos.

Uma análise retroativa nos remete que, apesar de o Observatório da Imprensa ser o primeiro site de media watching brasileiro e um dos primeiros de conteúdo jornalístico do país, ele já pula, logo ao nascer, a primeira fase do webjornalismo; o da transposição, ou webjornalismo de primeira geração. Ele nasce com conteúdo próprio para o veículo online, e também não possui a fase de metáfora, já que não tem referências do meio impresso.

É também o Observatório, um dos primeiros veículos a percorrer o processo inverso da convergência. Ele é criado na internet, passa para o ambiente televisivo e depois ao radiofônico, para por fim possuir uma edição impressa. A versão impressa do Observatório da Imprensa é transposta do veículo virtual, ou seja, um compilado dos melhores textos publicados no Observatório na internet. Sua periodicidade é mensal, mas não tem uma distribuição efetiva e consolidada, por isso não o incluí na lista dos observatórios impressos.

Outro site que ruma à inversão da convergência é o Monitor de Mídia, de Santa Catarina, que já possui um programa televisivo no canal universitário TV Univali, O programa vai ao ar semanalmente pelo sistema de tv a cabo

quarta-feira, 25 de abril de 2007

A réplica do jornalismo


A capa do Correio da Bahia, do dia 2 de setembro (sábado), trazia algo muito requisitado e pouco visto no jornalismo, principalmente na mídia impressa baiana. Um espaço destinado ao direito de resposta. A réplica jornalística concedida ao Partido dos Trabalhadores – PT, através de decisão do Tribunal Regional Eleitoral – TRE, é decorrente do agendamento do jornal quanto à suspeita de sabotagem da lavoura de cacau por militantes petistas e nos faz de lembrar que o Direito de Resposta existe e deve ser aplicado.

A primeira das matérias divulgada pelo Correio da Bahia trazia a manchete: "Petistas fazem terrorismo biológico". A matéria pautada a partir de uma denúncia da revista Veja, passa a agendar de forma contundente a "sabotagem". Títulos e imagens fortes, que nos fazem imaginar que tal possível atentado à lavoura cacaueira teria acontecido neste ano, quando na verdade, a praga da Vassoura-de-bruxa atingiu o sul da Bahia na década de 80.

O espaço destinado ao PT para a réplica foi o mesmo espaço que o Correio da Bahia divulgou uma imagem (20x25) do manifesto cacaueiro em prol do início das investigações contra os militantes petistas, intitulada de "Cacauicultores protestam contra a sabotagem", na sua edição do dia 22 de julho.

Em espaço destinado à réplica, o Diretório regional do Partido dos trabalhadores, defende que o Correio da Bahia faz "terrorismo jornalístico" ao "acusar de forma leviana e sem provas técnicas os militantes do partido". Em nota o PT diz que: "A Bahia sabe quem são aqueles que manipulam informações, através do completo domínio dos meios de comunicação", fazendo referência à família Magalhães, proprietária da Rede Bahia, ao qual o Correio é filiado.

A nota também traz os comentários do jornalista Daniel Thame, publicados no site de crítica de mídia, Observatório da Imprensa. Daniel Thame informa que "as publicações tem levantado a ira ao descrédito do jornalismo", diz ainda que as matérias são contraditórias.

A verdade é que milhares de pessoas que perderam seus empregos (cerca de 200 mil) e empresários que sofreram prejuízos graças à vassoura-de-bruxa foram motivadas a um levante anti-petista pelas matérias de Veja e Correio da Bahia, publicadas sem a devida apuração. O que resta saber é se com tamanha irresponsabilidade jornalística, a exemplo do caso do cacau, restará algum veículo que possua crédito de informação com o público.

Caderno nota Dez!

De suplemento do jornal A Tarde à blog na Internet, o Dez! e o Blog do Dez!, fazem sucesso não só com os adolescentes, mas com adultos que se interes­sam nos mais variados assuntos da atualidade.

Surgido em 29 de março de 2001, o Dez! visa estabelecer um diálogo do jornal A Tarde com o público jovem. Para Nadja Vladi, editora do suplemento e do blog, o sucesso se dá por acreditarem que seu público é de jovens inteli­gentes, portanto, que gostam de música, sexo, política, economia, além de não quererem “for­talecer preconceitos, nem modas e estilos de vida padronizados e massificados”.

A idéia

A idéia do jornal foi a partir do DEZ! criar uma editoria juvenil que se ampliou com o blog - que surgiu dentro de uma política do jornal de integração das mídias -, o caderno Vestibular e o site Vestibular. E, em breve, o programa de rádio Dez na Faixa!. Essa integração de conte­údo é importante, pois “serve de instrumento de interatividade cada vez mais forte e interes­sante”, diz Nadja Vladi, editora do Dez!

E quando questionamos a influência do Folha­teen, Nadja é precisa “O Folhateen é o primei­ro suplemento brasileiro focado no jovem. É de 1991. Normal que a idéia de ‘suplemento jovem’ tenha vinculações com ele. Além do mais, é da Folha de S. Paulo, principal periódico do país e leitura obrigatória nas redações. Acho que existem similaridades sim: os dois são foca­dos em uma audiência jovem urbana, de classes A e B, ligada em novas tecnologias, que gosta de rock, hip hop, música eletrônica. Mas um ser de SP e outro de Salvador marcam uma grande di­ferença de identidades. Eles também trabalham muito com música. No Dez, ampliamos nosso debate para questões da atualidade e temos bas­tante espaço para temas sociais”.

Parecidos ou não, as experiências destes veículos servem para provar que os jovens não se preocu­pam apenas com futilidades, mostrando que se há conteúdo inteligente, escrito de forma inteli­gente, os jovens acessam a todo tipo de tema, in­teragindo com sua realidade e, por conseqüência, estando mais preparado para o futuro. Eles só precisam ter acesso!

terça-feira, 24 de abril de 2007

E nada de ConVergÊncia...

Otaviano Maia, jornalista e
pós-graduando em
Jornalismo Contemporâneo
pela Faculdades Jorge Amado

Era pra ser um dos melhores sites informativos do Estado da Bahia, visto o tempo que atuação no mercado e, por ter sido “a porta da esperança” de grandes nomes do jornalismo baiano. Mas, os 37 anos de existência do Tribuna da Bahia, transpostos no ciberespaço, configuram explicitamente que o veículo está bem distante do que se imagina jornalismo on-line.

O site do Tribuna nada mais é que um blog mal feito, estático, sem interatividade, onde os internautas não podem tecer comentários e que, como outros sites de jornais baianos, ainda estão na versão 1.0, tendo o usuário como mero espectador.

Abaixo a transposição do conteúdo impresso!

A multimidialidade, marco dos informativos na web, significando a integração das mídias clássicas (imagem, texto e som), ainda não teve sua importância inserida no seu espaço on-line desse informativo. Da mesma forma, não tem o acúmulo das edições anteriores e nem orienta os internautas a se aprofundarem nos assuntos abordados.

Correio da Bahia: arquitetura da informação e narrativas jornalísticas

Yuri Almeida, jornalista e
pós-graduando em
Jornalismo Contemporâneo
pela Faculdades Jorge Amado
almeidayuri@hotmail.com




No artigo "A Base de Dados como espaço de composição multimídia", Elias Machado citando Rosenfeld e Morville, estabelece que "arquitetura da informação é o desenho da organização, etiquetagem, navegação e sistemas de buscas para ajudar o usuário a encontrar e gerir mais adequadamente a informação, através de uma interface".


A forma em que está estruturada o conteúdo, influencia o método de relacionamento jornal x usuário e a própria navegabilidade no sítio. A versão digital do Correio da Bahia possui um caráter meramente transpositivo, onde não foi realizada nenhuma inovação para este produto.


As editorias do on-line são semelhantes a da versão impressa, limitando as experiências dos seus leitores na Web. O layout proporciona ao usuário apenas um tipo de navegabilidade e acesso ao conteúdo, uma vez que o modelo para a organização visual obedece a um único formato. São 12
editorias que utilizam a mesma "carcaça" para a apresentação do conteúdo.




Capa digital do Correio da Bahia (23/04/07)


Narrativas Jornalísticas



João Canavilhas em "Webjornalismo: da pirâmide invertida à primâmide deitada", sustenta que usar a técnica da pirâmide invertida (padrão adotado pelas mídias impressas, onde as informações mais importantes da matérias devem constar na introdução - lead - do texto) na web é cercear o webjornalismo de uma das suas potencialidades mais interessantes: a adoção de uma arquitetura noticiosa aberta e livre navegação. E é justamente essa a lógica (de cercear o wejornalismo) do Correio da Bahia em sua versão digital.


O conteúdo digital é oriundo da versão impressa, que é totalmente publicado no sítio sem nenhuma adaptação textual, uso de links, hipertextos, arquivos multimída e outros elementos (como a possibilidade de comentar determinada matéria, enviar erros, enviar por e-mail) que garantam a interatividade com o usuário.


Enquanto Canavilhas aponta que as narrativas digitais precisam ofertar aos usuários a possibilidade de navegar dentro das notícias, através do que ele chama de pirâmide deitada ¹, o Correio da Bahia mantem a estrutura linear do impresso sem introduzir novos elementos ao produto.


Nota
1- Seguno Canavilhas, a pirâmide deitada seria estrutura em quatro níveis:
a) unidade base - o lead - responderá ao essencial: O quê, Quando, Quem e Onde.
b) nível de explicação responde ao Por Quê e ao Como, complementando a informação essencial sobre o acontecimento.
c) nível de contextualização é oferecida mais informação - em formato textual, vídeo, som ou infografia animada - sobre cada um dos W's.
d) nível de exploração, o último, liga a notícia ao arquivo da publicação ou a arquivos externos.




Bibliográfia consultada
Módulo da disciplina Jornalismo Online,
ministrada pela Profa. Suzana Barbosa.

domingo, 22 de abril de 2007

Uma análise do jornalismo digital de A Tarde, Correio da Bahia e Tribuna da Bahia

Como parte integrante dos exercícios da disciplina Jornalismo Online, integrante da matriz curricular do curso de pós-graduação Jornalismo Contemporâneo (Faculdades Jorge Amado)ministrada pela Prof. Dra. Suzana Barbosa, apresentamos uma análise do estágio, estrutura da informação e das narrativas jornalísticas adotadas pelos jornais A Tarde, Correio da Bahia e Tribuna da Bahia, com o suporte teórico dos textos trabalhados em sala de aula e da referência bibliográfica sugerida.

Correio da Bahia: estágio e estrutura da informação da versão on-line

Yuri Almeida, jornalista e
pós-graduando em
Jornalismo Contemporâneo
pela Faculdades Jorge Amado
almeidayuri@hotmail.com
Apesar do Correio da Bahia ser o primeiro jornal da Bahia na Internet (96), continua estagnado na primeira geração de Webjornalismo.
No artigo "Sistematizando alguns conhecimentos sobre jornalismo na web", Luciana Mielniczuk, estabelece três etapas classificatórias para o desenvolvimento do jornalismo na web:
  1. Webjornalismo de primeira geração;
  2. Webjornalismo de segunda geração e
  3. Web jornalismo de terceira geração.
Na primeira etapa os produtos oferecidos eram reproduções de partes dos grandes jornais impressos, que passavam a ocupar o espaço na internet, configurando-se em um caratér meramente transpositivo. Mielniczuk revela que "a rotina de produção de notícias é totalmente atrelada ao modelo estabelecido nos jornais impressos e parece não haver preocupações com relação a uma possível forma inovadora de apresentação das narrativas jornalísticas".

Segundo Mielniczuk, a segunda geração seria simbolizada como metáfora, onde os veículos usam a estrutura das antigas mídias impressas para desenvolvimento da versão digital. Na terceira geração, os produtos jornalísticos exploram e aplicam as potencialidades oferecidas pela Web para fins jornalísticos.

Na home page do Correio da Bahia percebe-se uma reprodução e organização integral do que seria a versão impressa, com as respectivas editorias e lógica de comercialização do espaço. O www.correiodabahia.com.br, é apenas um produto para ocupar um espaço na Web, não compreendendo as necessidades dos usuários desse meio, os desafios e oportunidades da grande rede.

Continuidades

Do ponto de vistal editorial, a Web possibilita inovação de linguagem, ruptura com os modelos de produção de conteúdo e transformação das narrativas jornalísticas com a incorporação da multimídia, por exemplo. Até a função do usuário que lê na internet, sofre transformações, visto que, este deixa de ser mero receptor de notícias para interferir e produzir o próprio conteúdo. (Moherdaui, 2006).

Comercialmente, Ernani Neto, no artigo intitulado "O contexto empresarial do jornalismo on-line" explica que a world wibe web passa a ser "encarada como um meio de comunicação específico (com um audiência definida, estilos de interação diferenciados e características próprias de design e estética, atraindo a atenção dos veículos de massa tradicionais." Porém, o Correio da Bahia ainda não entrou no "ar".

Faltam Multimidialidade/Convergência dos conteúdos, não existe um arquivo audiovisual, infografia, slide show, assim como não há interatividade com o leitor, através de enquetes, fóruns, participação no veículo ou compartilhamento de conteúdo. A narrativa jornalística não explora a hipertextualidade, links, e não permite que o usuário tenha algum tipo de interação com a matéria, seja um simples botão para enviar a matéria por e-mail ou fazer correções gramaticais ou de dados e muito menos existe a personalização do conteúdo, uma vez que a sociedade é estruturada em valores individualistas, onde para o indivíduo urge a necessidade em ser único, singular.

Memória e Atualização

Marcos Palacios no artigo "Jornalismo Online, Informação e Memória: apontamentos para debate", sinaliza que com a Web "abre-se a possibilidade de disponibilizar online toda a informação anteriormente produzida e armazenada, através da criação de arquivos digitais, com sistemas sofisticados de indexação e recuperação da informação". Mas, o Correio da Bahia conduz a Memória do jornal de uma forma simplista, ao adotar como instrumento de busca de informação por editoria/dia/mês/ano, quando o ideal seria alternativas por palavra-chave, temas ou frases.

Outro ponto argumentado por Palacios, é a possibilidade de instantaneidade, já que "a rapidez do acesso, combinada com a facilidade de produção e de disponibilização, propiciadas pela digitalização da informação e pelas tecnologias telemáticas, permitem uma extrema agilidade de actualização do material nos jornais da Web". Contudo, o Última Notícias do Correio da Bahia, remete para o link do portal regional IBAHIA, que integra a Rede Bahia, do qual o jornal integra.
Referências bibliográficas consultadas:
MIELNICZUK, Luciana. Sistematizando alguns conhecimentos sobre jornalismo na web. Salvador: Calandra, 2003.
NETO, C. Ernani. Sistematizando alguns conhecimentos sobre jornalismo na web. Salvador: Calandra, 2003.
PALACIOS, Marcos. Jornalismo online, informação e memória: apontamentos para debate. Paper apresentado no painel Informação e Jornalismo no evento Jornadas sobre Jornalismo On-line, Universidade da Beira Interior, Portugal, 21 de 2002.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Memórias e Trevas...

A matéria de capa do Correio da Bahia do dia 04 de setembro de 2006 trouxe como destaque o aniversário do “senador ACM”. Até aí não há novidade, afinal, o jornal sempre foi usado, principalmente a editoria de Poder, para os desmandos de Toinho Malvadeza, como é conhecido pela oposição. Mas desta vez... Um percentual considerável de toda a edição do dia 04 de setembro foi de homenagens ao Senador. Se não todas, a maioria das cidades interioranas teve espaço para publicar notas de felicitações.

Justamente em época eleitoral, não só os prefeitos pefelistas, mas candidatos da coligação manifestaram a “importância” política do senador baiano. Daí, parando para pensar no que se tornou a mídia após a “privatização” dos veículos, este acontecimento torna-se algo compreensivo. Primeiro, porque Antônio Carlos Magalhães é dono* da maior empresa de comunicação do Norte e Nordeste, a Rede Bahia, detentora de 7 canais de televisão (Tv Salvador, Tv Bahia, Tv Santa Cruz, Tv Sudoeste, Tv Subaé, Tv São Francisco, Tv Oeste); 2 estações de rádio (Globo FM, 102,1 FM Sul), 1 veículo impresso (Jornal Correio da Bahia) e 2 sites de entretenimento (Ibahia.com; Icontent).

Segundo, porque ACM é um dos personagens mais influentes do Estado e, sabe-se lá de que forma, responsável pela eleição de muitos candidatos políticos. Toda majestade um dia perde o trono. Agora, com a derrota de seu candidato ao governo do Estado e a vitória da oposição; “painho” ganha destaque na mídia nacional de uma forma como ele nunca havia sido lembrado: “vitória histórica de candidato petista acaba com 16 anos de carlismo na Bahia”. E quem disse que alguma coisa mudou? Aproveitando o segundo turno das eleições presidenciais, o Correio da Bahia fechou os olhos para a vitória de Jacques Wagner, governador eleito do Estado, e ampliou o apoio público ao candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, atacando o candidato e presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. E volta a velha história de sempre. O Correio da Bahia continua sendo um veículo de promoção da coligação ACM.
*De acordo com a revista Carta Capital, n435, o senador não aparece como dono formal da Rede Bahia, porém sua esposa, Arlete Maron de Magalhães é gerente e detentora de 9 cotas da empresa. Seu filho primogênito ACM Filho e seus netos Luis Eduardo Magalhães Filho e Carolina Magalhães possuem, juntos, quase três milhões de cotas. A interpretação agora é sua....

Xonga

Enquanto os homens exercem seus podres poderes...
Aniversário de Toinho na Bahia
Cada cidade faz sua homenagem
Mostrando que o Correio da Bahia
Não passa de politicagem
________
Ainda que tivesse homenagem
Cabia respeito aos leitores
Mesmo sabendo que é sacanagem
A publicação pelos editores
________
ACM é dito coronel
Com certeza ele o é
Montando um apanhado de papel
Acha que o povo é mané
________
Agora quero ver
Coronel perde reinado
Memória ele vai perder
Para esquecer o fracassado
________
Amigo de velhice
Com Paulo Souto acreditou
Manter sua canalhice
Só que ele... se ferrou

quinta-feira, 22 de março de 2007

A mesmice da Informação

Datas comemorativas, fatos históricos e temas como mulher, negros e homossexualidade estão sempre na pauta dos veículos de comunicação. Porém, ano após ano, estes temas são tratados da mesma forma, sem uma sensibilidade diferente que nos traga algo de novo sobre os assuntos pautados. O que parece ser informação, não passa de notícia reciclada. O que parece ser novo, é velho e já foi utilizado.

Em um único dia, duas vítimas da reciclagem de notícia. Quinta-feira, 12 de outubro de 2006, Dia das Crianças e Dia de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil. Os jornais noticiavam manchetes repetidas sobre o movimento nos shoppings, aumento da venda de brinquedos, o incremento financeiro na indústria infantil e sobre a peregrinação de fiéis católicos ao Santuário de Nossa Senhora, no Vale do Paraíba em São Paulo.

As matérias mostravam a alegria de crianças que ganhavam o brinquedo novo, o empresário sorridente pelo aumento do faturamento, a angústia daqueles que deixaram para comprar o presente de última hora e enfrentam filas quilométricas. Os textos também traziam o sofrimento de peregrinos que saem do Nordeste para rezar no altar de Nossa Senhora, o peso da cruz de um fiel e as bolhas nos pés, “cultivadas” com suor e fé.

Apenas o Correio da Bahia, na edição de 12 de outubro, trouxe algo diferente, mas não deixou de fazer as matérias “chavões”. O jornal publicou uma matéria sobre a violência contra as crianças negras e pobres, trazendo números que mostra um Dia das Crianças diferente de todos os outros vistos nos jornais e na tevê.

Os ataques ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001 passou a ser uma destas “datas comemorativas”. No dia em que se completaram cinco anos do atentado terrorista, os jornais trouxeram as mesmas fotos do momento em que o segundo avião choca-se com a torre e os textos trouxeram os de sempre, números de mortos, aqueles que não morreram por pouco ou aquilo que muitos já viveram, a dificuldade para entrar no EUA e o preconceito com os islâmicos. Poucos fizeram referências a Bin Laden, ao fundamentalismo islâmico ou a política adotada por George W. Bush, que acabou por desencadear tal terror.

As notícias que tratam destas pautas “temáticas”, em sua maioria, nunca trazem algo de novo. As pautas são tratadas como produtos, das empresas de comunicação e não trazem nada de diferente do que foi produzido no ano anterior. Parecem ser produzidas como que uma linha de produção fordista, onde tudo é igual. Mudam-se apenas os personagens, o tempo, os números, mas a essência é a mesma. A pauta é a mesma, tudo bem, mas o foco tem que ser o mesmo? Por que fazer sempre igual? Onde entra o novo, o diferencial? Será que nenhum repórter pode fazer diferente?
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Abre Aspas - Marcelo De Trói
“O jornalismo, enquanto processo industrial e de consumo, raramente consegue fugir da tal agenda anual de compromissos com a ‘mesmice’. O que influencia essa atitude midiática na minha opinião é a incapacidade do jornalismo de ocupar a esfera pública da comunicação social (sua principal função), transmitindo matérias de interesse público real; outra coisa é o fato de o jornalismo estar seriamente atrelado aos departamentos comerciais das empresas jornalísticas, ou seja, já existe uma expectativa tanto dos empresários da comunicação quanto de seus clientes de que os anúncios para o “dia das mães” gere algum tipo de matéria idiota sobre comportamento e sobre a especulação do sucesso da economia com as vendas, o “business”.
Junte-se a isso, a mentalidade medíocre da sociedade do consumo, e o desinteresse pela discussão de assuntos de relevância, porque em geral são chatos e dão dor de cabeça. Imagine se o jornalismo passasse um bom tempo discutindo como resolver o problema da saúde e da educação no Brasil? Também é preciso não abandonar o factual, a notícia, a informação, principal pilar do jornalismo.
Para driblar tudo isso é preciso inteligência para se transmitir à informação, princípios éticos e comprometimento com o ‘público’: repórteres e editores devem ser comprometidos e engajados, mesmo que isto custe censura ou perda de emprego”.
Marcelo de Trói é Jornalista, free-lancer e editor
do Caderno Aprovado. Realiza pesquisas
na área de imagem e som.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Apresentação

Baseada na prática do Media Watching ou crítica de mídia, a Leia Mídia - A imprensa revista nasceu como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos formandos em jornalismo pela Unibahia, são eles: Marvin Kennedy, Priscila Figueira e Manuela Laborda.
A primeira publicação foi uma revista, com 36 páginas, que se tornou pioneira na experiência de observação de mídia no estado da Bahia.
Este blog será um espaço onde jornalistas e estudantes de comunicação possam debater a mídia, com foco especial na mídia baiana, e contará com a colaboração de colegas jornalistas, a exemplo de Yuri Almeida, o Herdeiro do Caos.
Se quiser saber mais sobre esta equipe, visite nosso orkut: Leia Mídia ou nos escreva: revistaleiamidia@gmail.com.