Lembra daqueles discursos favoráveis as greves? Apois, o PT, a cada dia que passa e novo governo que assume, joga sua história e bandeiras no lixo.
O mais novo exemplo é a greve dos professores da rede pública da Bahia, Estado governado pelo Jaques Wagner (PT). A luta dos docentes já duram um mês, sem avanços nas negociações.
Grevistas firmes na mobilização
A proposta de aumento salarial do governo petista é de apenas 4,5%, enquanto a reivindicação da categoria pede 17,28%. O PT utilizou a estratégia de conceder o aumento de 17,28% apenas aos níveis 1 e 2, que representa 36% da classe, na clara tentativa de rachar o movimento. Contudo, bem articulado, os grevistas não aceitaram a proposta escrota de Jaques Wagner e mantiveram a greve.
Se antes PcdoB e PT marchavam juntos na defesa da educação baiana e denunciavam o desmonte das escolas públicas, agora os petistas pedem prisão até de líderes sindicalistas (o professor Rui Oliveira, presidente da APLB, sindicato dos professores baianos é filiado ao PCdoB). Uma decisão do juiz da 5a Vara da Fazenda Pública, Ricardo D'Ávila, determinou a suspensão da paralisação e retorno imediato às salas de aula, sob pena de multa diária de R$ 20 mil. Segundo a Agência Globo, o governador pediu também a prisão do coordenador do sindicato, que precisou entrar com um recurso para continuar em liberdade.
Ex-sindicalista, Wagner pede prisão de seus companheiros
A mídia e a greve
Já é um clichê afirmar que a mídia sataniza os movimentos sociais, ainda mais em épocas de greves, ocupações e mobilizações.
Separei uma entrevista, realizada pela Tv Bahia, com o coordenador-geral da APLB, Rui Oliveira e o secretário da Educação da Bahia, Adeum Sauer.
Equipe jornalística do Jornal da Manhã
O debate foi realizado no Jornal da Manhã. Estranhamente, o secretário estava no estúdio do programa, bem vestido, sentado, o que representa seriedade e status, na perspectiva de um poder simbólico. Já o sindicalista, encontrava-se rua, em frente ao Colégio Central (que já fora um dos mais importantes do Estado, tendo como aluno ilustre há décadas atrás o coronel ACM).
A questão imposta pela mídia é sempre a mesma: Quando os professores irão retornar as aulas?
O debate ocorre sob esta lógica: o discurso do secretário enfatizando que até o impossível está sendo feito para solucionar o entrave e o sindicalista questionando as irregularidades do poder público e a caótica realidade dos funcionários públicos. Os movimentos sociais quando aparecem nos media é sempre para "se explicar", enquanto o poder público "explica a situação".
Contudo, cabe um pequeno grande detalhe. A Tv Bahia, cujo dono é o cacique ACM, mediou uma nova relação: o governo atual, não pertence ao circulo de poder e controle do patrão. Com isso, o veículo em questão, trava uma batalha contra dois "inimigos": o governo petista e o movimento social. Contra o secretário, que representa o governo, o Jornal da Manhã utiliza os argumentos da categoria e esta constantemente é questionada: quando vocês irão voltar as aulas?
No final, ouve-se a pergunta do "jornalista" ao secretário:
- O senhor sentaria hoje para negociar o fim da greve?
Não vou acusar de burrice o tal "jornalista", porque sei do seu potencial. A pergunta-bomba foi intencional objetivando mostrar ao público que o atual governo não tem poder de acabar com uma greve que "prejudica 1 , 2 milhão de estudantes em todo Estado", ainda mais que o secretário, que curiosamente tem como sobrenome Hilário, quase embola a língua ao tentar responder tal questionamento.
Cabe destacar, que o secretário afirmou durante toda a entrevista que foi montado uma estratégia para negociar com os grevistas (diversas mesas, como pode-se ver/ouvir na entrevista). Mas, nesta batalha, a mídia venceu ao criar as imagens:
O secretário não sabe nada e o governo não consegue acabar a greve.
Os professores só pensam em seus salários, nem ligam para os 1, 2 milhão de estudantes que estão sem aula a um mês.
E a situação da educação baiana?
Pergunta que poderia ser feitas pela filhote da vênus-platinada...Mas...